Desmistificando a demonstração de resultado do exercício (DRE)

27 novembro 2014 / Finanças / Comentários

Desmistificando a demonstração de resultado do exercício (DRE)

A DRE pode ser um bicho de 7 cabeças para você. Aqui está como tirar esse desafio de letra

Existem alguns termos na contabilidade que são cercados de mitos e dúvidas. É difícil demonstrar de forma clara e objetiva algo que às vezes é visto como em sua essência como algo complexo.

O DRE é muito útil para os pequenos empreendedores, para investidores e até ao próprio Governo como um meio para avaliar suas capacidades e assim, se necessário, mudar as direções da administração.

O DRE mostra as reais condições de uma empresa, tanto para os aspirantes à contabilidade quanto aos profissionais da área. Hoje vamos desmistificar a DRE, ou demonstração de resultado do exercício.

Vamos começar com um significado simples para nossa maior compreensão: O DRE é, nada mais do que apresentar de forma resumida em um relatório elaborado de forma conjunta com o balanço patrimonial que demonstra as operações realizadas em um determinado período de tempo, que costuma ser de 12 meses.

Normalmente o DRE é feito mensalmente por questões administrativas e trimestralmente por questões fiscais.

Esses dados são colocados de modo vertical, ou dedutivo onde as receitas se subtraem com as despesas e indicam o resultado desses valores.

Agora vamos nos atentar para a discriminação que a lei (especificamente a 6.404 de 15-12 de 1976) designa que as empresas devem apresentar em suas DRE’s.

Segundo a lei, todas as demonstrações de resultado de exercício devem conter a receita liquida e bruta de vendas e serviços junto com o abatimento das deduções e impostos, o lucro bruto e o custo das mercadorias (ou serviços) vendidos.

Também devem estar especificados o lucro ou prejuízo operacional, as participações dos integrantes da empresa (contando funcionários, debêntures ou outros beneficiários) e por fim, o lucro ou prejuízo liquido e montante por ação do capital social.

O balanço patrimonial está internamente relacionado ao DRE.

De um lado o DRE contabiliza os lucros, rendimentos de um determinado período e ganhos em geral e do outro os encargos, pagos, ocorridos, custos e despesas.

O resultado (lucro ou prejuízo) vem das informações anteriormente confrontadas, os resultados são dados específicos que podem ser usados para mudar (ou não) a direção da administração da empresa.

Abaixo vamos direcionar nossa atenção para um exemplo de distribuição de DRE e assim visualizar melhor como funciona na prática a demonstração de resultado de exercício.

Calculando a demonstração de resultado do exercício (DRE):

Faturamento bruto (venda de produtos, quando empresa industrial)

(-) IPI (imposto por fora)

= Receita de vendas bruta (vendas de Mercadorias e Prestação de Serviços)

(-) Impostos e Contribuições Incidentes sobre Mercadorias e Serviços (ISS, ICMS, PIS/COFINS)

(-) Descontos incondicionais concedidos

(-) Devoluções de vendas

(+) Reversão dos impostos sobre devoluções de vendas

(-) Abatimentos sobre vendas (sem reversão dos impostos sobre a parte abatida)

= receita de vendas líquida

(-) Custo dos produtos vendidos (CPV, inclui frete/seguros sobre compras de insumos)

(-) Custo das mercadorias vendidas (CMV, inclui frete/seguros sobre compras de mercadorias)

(-) Custo dos serviços prestados (CSP)

= Resultado operacional bruto

(-) Despesas comerciais (inclui publicidade e propaganda, depreciação de veículos de vendas/entregas, fretes/seguros sobre vendas, salários de vendedores, despesa de provisão para devedores duvidosos etc.)

(-) Despesas gerais e administrativas (inclui impostos e aluguéis sobre prédios administrativos, depreciações em geral, salários de executivos, honorários de diretoria etc.)

(-) Outras despesas operacionais (inclui despesas de equivalência patrimonial, despesas de ajuste ao valor de mercado etc)

(+) Outras receitas operacionais (inclui receitas de equivalência patrimonial, receitas de ajuste ao valor de mercado, aluguéis ativos, reversão de provisão para devedores duvidosos etc.)

(-) Despesas financeiras (inclui IOF, variações monetárias passivas, descontos condicionais concedidos, etc.)

(+) Receitas financeiras (inclui variações monetárias ativas, descontos condicionais obtidos, etc.)

(-) Outras despesas (inclui custo de venda de ativo imobilizado, etc.)

(+) Outras receitas (inclui receita de venda de ativo imobilizado, etc.)

(=) Resultado operacional líquido antes do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido

(-) Despesa com provisão de imposto de renda

(-) Despesa com provisão de contribuição social sobre o lucro líquido

(=) Resultado líquido antes das participações (as participações abaixo devem ser calculadas rigorosamente nesta ordem, sendo que para o cálculo da próxima deve ser abatido o valor da participação anteriormente calculada)

Importante: base de cálculo das participações = resultado líquido antes das participações – prejuízo acumulado de exercícios anteriores

(-) Debêntures (dedutível do Imposto de Renda)

(-) Empregados (dedutível do Imposto de Renda)

(-) Administradores

(-) Partes beneficiárias

(-) Fundos de assistência e previdência para empregados

(=) Resultado líquido do exercício

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Enrico Cardoso